quarta-feira, 2 de junho de 2010

Murmura um poema

Quando eu morrer,
podes sofrer,
mas fá-lo serena...
Porque existir,
amar, sentir,
valeu a pena!
Confronta a dor,
com o nosso amor,
tão belo e sério,
que para ele,
não há lugar
no cemitério.
Confronta a tristeza,
com toda a beleza,
da nossa vivência...
Se sem mistério,
a morte é sómente,
o “ponto poente”,
da nossa existência!
- Vá lá meu amor,
faz-me esse favor,
«vá lá, tem paciência»!...

Murmura baixinho,
com fé e carinho,
aquele poema,
que um dia escrevi...
Que tu sabes bem,
melhor que ninguém,
que o fiz para ti,
que foste esse tema!...
Que a morte, estou crente,
é só “estar de ausente”,
“partir em missão”!
- Ser “estrela cadente”,
“corpo incandescente”,
que cai de repente,
pela escuridão.
Luz intermitente,
presença fluente,
na tua lembrança,
na tua oração...

Vá lá meu amor,
faz-me esse favor,
que aquele que parte,
já sabe à partida,
o quanto viveu,
o quanto te deu,
o quanto te amou,
o “homem da vida”,
aquele que eu sou!...
O que ganhou,
O que perdeu,
quanto recebeu,
«quanto te marcou»!...
Que a morte “esfaqueia”,
golpeia, arrebata,
mas porém só mata,
quem já se “apagou”...

Vá lá, meu amor,
vou sobreviver,
que a morte não há-de,
“não pode vencer”…
- Não me vais esquecer,
por isso não chores,
se um dia morrer!...
Se a morte for fria,
terei a poesia,
p’ra me aquecer!

- Murmura um poema,
murmura um poema,
«que eu volto a viver»!...