sábado, 20 de novembro de 2010

Lá na mata

Na mata está a serpente,
lá no rio o jacaré...
Na terra vermelha e quente,
«há morros de "salalé"».

Lá na selva tem leão,
lá no rio tem piranha,
no capim um escorpião
que ataca de forma estranha...

- Lá na mata que se adensa,
na forma como se pensa,
numa nostalgia assim...
«Numa sensação intensa,
corre esta saudade imensa,
num rio que não tem fim»!...

- Lá na mata, no "sombrio",
é lá que passa este rio,
que nasce dentro de mim!

Gratidão

Tu que estiveste a meu lado,
"passaste" no meu passado,
«foste vida que vivi»...

Segui meu próprio "traçado",
mas quantas vezes o fado,
me leva a pensar em ti...

Se muito foi "destroçado",
«há muito p'ra ser lembrado,
nas "ondas" duma emoção»!...

- Quem amou e foi amado,
não pode ser apagado,
sem amor...Sem gratidão.

- Tens assim, lugar guardado,
"num qualquer canto encontrado",
«cá dentro do coração»!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desculpa ser só hoje

Não sei porquê…
Não percebi…
- Tu minha amiga,
de tantos anos,
e eu…Nunca te vi?
Nunca te olhei,
“como mulher”,
mesmo estando
junto a ti?…
Demos tantos beijos,
tantos abraços,
caminhamos juntos
de mãos dadas,
tantas vezes…
Lembras-te ???

Não sei porquê…
Não sei! Não sei!...
Não me perguntes,
não digas nada:
- Tu é que entraste,
“pela calada”…
Eu só “despertei”!
- Só hoje reparei,
«o quanto és linda,
o quanto és bela»…
O quanto precisavas
ser amada!...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»…
Mas ao sentir-te,
ao sentir os teus lábios,
entregues e carentes,
tão doces, tão quentes…
Eu tinha de beijá-los!
Ao sentir no meu peito,
os teus seios,
tão formosos, “tão cheios”…
Eu tinha de “tocá-los”!...
Ao sentir os teus dedos,
ao ouvir “os teus segredos”,
contados com um sorriso,
como quem afasta os medos,
esses medos do «conciso»…
Eu tinha de abraçar-te,
«eu tinha de contigo,
conhecer o paraíso» !...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»,
mas eu não podia,
«não queria “pensar-te”,
de outra forma»,
que o amor nos limita,
nos transforma…
Não queria amar-te
e depois magoar-te,
não queria “prender-me”,
não queria “prender-te”.
- Não queria “ganhar-te”,
nem depois “perder-te”!...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»!...
Porque hoje sucedeu,
que tu e eu,
nos “perdemos”,
no caminho…
No carinho…
Na ternura!…
Hoje partilhamos,
da “doce loucura”…

Desculpa amiga,
«ser só hoje»,
Porque amanhã,
quero encontrar-te
e “estar contigo”.
- Não como hoje,
mas «como sempre»,
mas «como amigo»!...
Quero beijar-te a face,
dar-te a minha mão
e caminhar de novo,
contigo, de mãos dadas…
- Que a vida não é,
um de “conto de fadas”,
que os contos estão cheios,
«estão cheios de “nadas”»…

Amanhã…
Não me fales de amor,
nem de dor,
nem de ilusão.
- Sorri apenas,
«que o fazes tão bem»!
Sorri apenas,
que sorrirei também…
- Porque a «amizade pura»,
vem da mais “nobre ternura”,
que temos no coração!...
Por isso é que te peço,
por isso é que te digo...
Amiga...Amanhã não!!!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Xico Zé

Xico Zé deixou a escola,
já nem quer ouvir falar,
gosta é de tocar viola,
«Xico Zé sabe tocar»!...

- Canta à noite na "rebita",
que tão bem sabe cantar!...
Canta p'ra "dama" bonita,
toca p'ra "dama" dançar!

Calças à "boca de sino",
"lantejoulas" a brilhar!...
- Xico Zé num "desatino",
Xico Zé põe-se a "gingar"...

- Diz que já não é menino,
"tem bigode a começar":
«No "merengue" do destino,
Xico Zé a "dar-a-dar"».

De bem cedo enfrenta a vida...
Xico Zé, há-de "ganhar"!...

sábado, 7 de agosto de 2010

Coisas do Vento (J.A.A.)

O vento soprou mais forte,
soprou-me a alma e levou,
levou-a de “sul a norte”,
minha alma foi mas voltou.

Voltou de novo até mim,
que estou aqui, sou presente,
que caminho para um fim,
que é o fim de toda a gente...
- Que sei que alma é assim,
«tem algo de resistente»!...

Minha alma foi ao passado,
“foi ao passado que eu sou”,
ficou por lá um bocado,
depois cansou-se e voltou!

Voltou de novo até mim,
que estou aqui neste escuro,
que caminho para um fim,
sem temer “saltar o muro”!...

O vento soprou mais forte,
soprou-me a alma e levou,
levou-a ao “sabor da sorte”,
«da sorte que lhe soprou»!...
- Só à “sentença de morte”,
minha alma se recusou...

“Soprada” voltou a alma,
veio até mim, pois voltou...
Voltou no “vento da calma”,
da alma que regressou!...

- Voltou de novo até mim,
que estou aqui e procuro,
um vento soprando assim,
«na alma do que é futuro».

É tão bom olhar p'ra nada (J.A.A)

É tão bom olhar p'ra nada,
"deixar a mente parada",
a viver recordações.

- «Perder o fio à meada»,
voltar à vida passada,
reencontrar sensações!...

E como o sonho é que manda,
«ver-te de novo à varanda,
onde gostavas de estar»...

- Ver definido e conciso,
no teu rosto, esse sorriso,
que sempre tinhas p'ra dar!

Confirmar que não partiste...
Que a tua memória existe,
espalhada em tanto lugar.

- É tão bom olhar p'ra nada,
«deixar a mente parada,
na hora de te encontrar»!...

domingo, 4 de julho de 2010

São só palavras

São só as palavras deles

São só palavras,
falácias, «bocas»,
são coisas loucas,
que eles opinam.
São letras mortas,
que fecham portas,
que não interessam,
que “já não rimam”...
- São só palavras,
"são coisas ditas",
frases bonitas,
que eles te “empinam”!

São só palavras,
são só “discurso”,
rios sem curso,
coisas sem nexo:
- Dizem do mundo,
que ele é convexo!...
- Tu que não sabes,
que não entendes,
«ficas perplexo»...

São só palavras,
com que eles jogam.
São só palavras,
que tu desejas!...
- Para que vejas,
«como cerejas»,
“ou como sexo”!!!

São só palavras,
de sons moldados,
bem adornados,
numa “armadilha”.
São uma arma,
que se “engatilha”.
São como um fado,
acompanhado,
pela guitarra,
que alguém dedilha...
...E sem surpresa,
tu viras “presa”,
face à «matilha»!

São só palavras,
«frases felizes»,
são “flores silvestres”
mas sem raízes...
São como caça,
«caça à pacaça»,
«caça às perdizes»!...
São só palavras,
que tu não calças,
que tu não comes,
que tu não vestes,
«que não contestas».
- Que tu por medo...
Que só por medo,
não contradizes.

São só palavras,
como as que dizes...
São só palavras,
muito “escarchéu”,
«dão-te o inferno»,
«chamam-lhe Céu»!
São só palavras,
as que eles “usam”,
das quais “abusam”,
depois “acusam”
«e tu és réu!»... ,
- Sem mais “béu-béu”
tu é que és “réu”,
“eles Juízes”!

São só palavras,
pura utopia,
a que eles chamam
“fi-lan-tro-pia”.
São só palavras,
filosofia,
frases que luzem,
de simpatia,
mas “reproduzem”,
só tirania, só tirania!...
- São extravagância,
são a ganância,
a ressonância,
da cobardia!

- São só palavras...
As “palavras deles”!
As palavras que eles,
vão dizer até um dia!...
Em que o povo saia à rua,
pr'a dizer que a Pátria é sua!
Que não é dum "BPN",
que não é da "Casa Pia"...
E que não tolera mais,
"Freeport's" ou anarquia!

sábado, 3 de julho de 2010

Prenda - Bairro de lata

Logo à entrada do «Prenda»,
lá está à porta da "venda",
aquela linda mulata.

Tem doçura no olhar,
tem os olhos «cor de mar»,
como manda a sedução...

Tem um corpo escultural,
«um cinto de cabedal,
dois lindos brincos de prata.

Tem uma pele trigueirinha,
tem uma voz tão meiguinha,
«faz bater o coração»!

- Mais à noite, quando passa,
ela enche com sua graça,
o «Prenda», bairro de lata!...

Tem ainda "ar de menina",
que traída pela sina,
«se perdeu na direcção»...

- Quando surge na ruela...
O Prenda, prende-se a ela,
"já não ata, nem desata"!...

Fica o bairro todo à espreita,
de olhos na rua estreita,
que vem daquela cubata...

Mas é cedo...É cedo ainda...
Que a noite fica mais linda,
ao passar dessa mulher!...

- Porque durante um bocado,
ela "torna" o Céu estrelado,
como outro bairro qualquer!

- Só porque ela é uma graça...
- Só porque ela vem e passa...
- Vai passar, se Deus quiser!!!

Cantinho

Naquele cantinho,
junto aos roseirais,
roubei-te um carinho,
sem menos, sem mais.

Olhei os teus olhos,
lembravam cristais...
Bonitos, brilhantes,
felinos, fatais!

Olhei os teus olhos,
vivaços de cor...
Sedentos de vida,
carentes de amor.

- Beijei os teus lábios,
doces, sensuais,
«que teus lábios eram
"pecados mortais"»!...

Entregues, perdidos,
«sem nenhum pudor»,
teus lábios garridos,
vivaços na cor...

- Naquele cantinho,
junto aos roseirais...
Estão lá os fantasmas
desse nosso amor!...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amar "de rajada"

Hoje, o que eu queria...
Não queria mais nada!...
- Olhar os teus olhos,
«de mulher amada»!

Hoje, o que eu queria...
Não queria mais nada!...
- Beijar os teus lábios,
«deixar-te "corada"».

Hoje, o que eu queria...
Não queria mais nada!...
- Amar o teu corpo,
deixar-te "arrasada"!...

Hoje o que eu queria...
Não queria mais nada!...
- «Marcar na poesia,
"a tua passada"»...

Porque hoje, eu só queria...
Porque hoje, eu só queria...
«Amar de "rajada"»!

sábado, 5 de junho de 2010

À estátua de Fernando Pessoa

Eu sentei-me ao lado dele,
numa rua de Lisboa.
O Fernando está sentado,
sereno, impávido, sério,
olhando os pombos,
os pombos que esvoaçam...
Olhando as pessoas,
as muita que passam...
E ele...Essa é boa!...
O Fernando, o Pessoa,
de óculos sobre o nariz,
mira a capela em frente,
o largo Camões acima,
um pouco abaixo o Chiado.
Mira meticulosamente,
cada gesto, cada coisa,
«as coisas do seu País»...
Numa cadeira de pedra,
com o chapéu à cabeça,
não há nada por ali,
que o Fernando não conheça...
- Não dá por mim a seu lado,
continua lá sentado,
se calhar está embrenhado,
quem sabe num pensamento!...
Lá fica na «Brasileira»,
a "fisgar" uma estrangeira,
que o olha admirada...
Parece até que ele sente,
"mexe os lábios levemente",
numa frase apropriada...
Porque o Fernando, é Pessoa,
pois a própria pedra entoa,
uma poesia inspirada.
- Não dá por mim a seu lado,
se calhar está embrenhado,
num pensamento qualquer...
- No velhinho casario,
que o faz descer p'ro rio,
quando o Fernando quiser!
- Numa criança que passa,
no Chiado que tem graça,
no «andar duma mulher»!...
- Num mendigo esfarrapado,
que ali pernoita estirado,
mesmo junto à Livraria...
Porque o Fernando, é Pessoa,
pois a própria pedra entoa,
os livros que escreveria,
ali onde está sentado...
Ele que bem conhecia,
aquilo que ele diria,
serem as "voltas do fado"!
Porque o Fernado é de pedra,
é nessa pedra esculpida,
que continua a escrever,
que nos escreve sobre a vida,
«que por vezes é tão boa,
outras vezes tão dorida»!...
- Porque o Fernando, é Pessoa,
porque o Fernando é poesia!...
Venho-me embora a pensar,
que o Fernando por lá fica,
por lá fica a meditar.
- Se podemos conversar?...
Pois se calhar, se calhar...
Terei de vir outro dia!...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Murmura um poema

Quando eu morrer,
podes sofrer,
mas fá-lo serena...
Porque existir,
amar, sentir,
valeu a pena!
Confronta a dor,
com o nosso amor,
tão belo e sério,
que para ele,
não há lugar
no cemitério.
Confronta a tristeza,
com toda a beleza,
da nossa vivência...
Se sem mistério,
a morte é sómente,
o “ponto poente”,
da nossa existência!
- Vá lá meu amor,
faz-me esse favor,
«vá lá, tem paciência»!...

Murmura baixinho,
com fé e carinho,
aquele poema,
que um dia escrevi...
Que tu sabes bem,
melhor que ninguém,
que o fiz para ti,
que foste esse tema!...
Que a morte, estou crente,
é só “estar de ausente”,
“partir em missão”!
- Ser “estrela cadente”,
“corpo incandescente”,
que cai de repente,
pela escuridão.
Luz intermitente,
presença fluente,
na tua lembrança,
na tua oração...

Vá lá meu amor,
faz-me esse favor,
que aquele que parte,
já sabe à partida,
o quanto viveu,
o quanto te deu,
o quanto te amou,
o “homem da vida”,
aquele que eu sou!...
O que ganhou,
O que perdeu,
quanto recebeu,
«quanto te marcou»!...
Que a morte “esfaqueia”,
golpeia, arrebata,
mas porém só mata,
quem já se “apagou”...

Vá lá, meu amor,
vou sobreviver,
que a morte não há-de,
“não pode vencer”…
- Não me vais esquecer,
por isso não chores,
se um dia morrer!...
Se a morte for fria,
terei a poesia,
p’ra me aquecer!

- Murmura um poema,
murmura um poema,
«que eu volto a viver»!...

Lembranças

Eu amei mulheres ingénuas,
amei mulheres assumidas!
Eu amei mulheres diferentes,
umas delas mais carentes,
outras porém mais vividas!...

Amei mulheres envolventes,
dessas que ao amar pressentes,
as histórias das suas vidas...
Dessas que «cerram os dentes»,
que se entregam como crentes,
sem esperar contrapartidas!

Eu amei mulheres «presentes»,
mas amei outras descrentes,
mulheres que estavam esquecidas!
Eu amei mulheres «ausentes»,
dessas que ao amá-las sentes,
«o quanto elas são sofridas»...

Amei mulheres «encontradas»,
pois que são equilibradas,
com mentes bem definidas.
Mas também mulheres falhadas,
fúteis e «cheias de nadas»...
Mas também mulheres perdidas.

Amei mulheres interessantes,
das que sabem ser amantes,
das que nunca são esquecidas.
Eu amei mulheres errantes,
das que se amam por instantes,
sem deixar marcas, nem feridas...

Mulheres lindas, engraçadas,
todas elas recordadas,
pelas «emoções sentidas»!...
- Se eu amei, foram amadas...
E se são «àguas passadas»,
são também lembranças queridas!!!

A Rosa

À noite faz “banga”,
vai pela Maianga,
vai linda e sózinha...
Em “busca das chetas”,
que o resto são tretas,
lá vai a Rosinha.
- Vai de botas pretas,
lá «vai à vidinha»!...

Assim maquilhada,
parece engraçada,
parece mais bela.
De “cara pintada”,
de “franja arranjada”,
«madeixas-canela».
Sobre o peito erguido,
um colar comprido,
de cor amarela...
- Que mulher bonita,
ninguém acredita,
que vem da “favela”!...

De saia travada,
blusa apertada,
de cinto e fivela.
Pela madrugada,
à beira da estrada,
lá vai, lá vai ela...
Que a vida é tramada,
que “ganha à noitada”,
no «Bar Cinderela»!

Que pela calada,
a Rosa é falada,
janela a janela!...
- Há gente “danada”,
de língua afiada,
que causa mazela.
Que «atira a pedrada»,
que não sabe nada,
que só “tem balela”!...

- Que a filha «entrevada»...
A Rosa coitada...
É quem cuida dela!!!

Sobretudo rosas

Deixei um ramo de rosas,
sobre a tua sepultura...
Eram vermelhas, vistosas,
peças de arte valiosas,
talhadas pela "natura"!

Longe de serem vaidosas,
emanavam misteriosas,
saudade, amor, paz, candura...
- Eram coisas preciosas,
mas sobretudo eram rosas,
postas ali com ternura!...

Como tu, tão preciosas,
eram sobretudo rosas...
As "rosas que te quis dar"!...
- Essas flores maravilhosas,
ali ficaram honrosas,
honrosas de te lembrar!!!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Acontece

Um homem nunca se esquece,
de quanto a vida o "marcou"!...
Passa o tempo, ano após ano,
...tudo apaga e desvanece,
«parece mesmo que esquece,
que "já lá vai", que passou»...

É o «tempo que adormece»!
É o homem que envelhece,
porque o seu rosto "enrugou"!...
- Durante o "sono" enternece,
numa calma que "arrefece",
tudo aquilo em que pensou...

Mas por vezes amanhece,
enquanto a mente entristece,
com algo que recordou!...
- Mas certo dia "acontece"...
Mas certo dia acontece,
que um homem "não se deitou"!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Avanço ou recuo???

O “mundo”, sendo bem visto,
só pode estar doido,
estar «obcecado»!
A tecnologia...
O telemóvel, o computador...
- Ninguém pensaria,
que aqui chegaria...
Que o mundo chegado,
ao «estado avançado»,
não tinha horizonte!...

- Será avanço ou recuo,
quando enfim eu continuo,
a ver tanto sem-abrigo?...
- Se na rua há um mendigo,
que sempre vai ter contigo,
p´ra te dizer que tem fome?...
- Se uma criança «a monte»,
vive sob aquela arcada,
dorme debaixo da ponte???

A tecnologia...
O telemóvel, o computador...
- São pois sinais de progresso,
deste mundo em retrocesso,
«só porque lhe falta amor»…
...Mundo que neste processo,
nos fecha a «porta de acesso»,
a «coisas de mais valor»!

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- Tem 2 mensagens novas:

No telemóvel: * O seu saldo é inferior a 5 €uros
dirija-se por favor a uma Caixa Multibanco.

Na caixa multibanco: * Para sua segurança
você está a ser filmado.
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domingo, 2 de maio de 2010

Mãe (Dia da Mãe)

Tu que te deitas com o filho nos braços
e rompes o teu sono com seu pranto...
Que conduzes o menino nos seus passos,
com virtude, com ternura, com encanto!...

Tu, que lhe ensinas um mundo só de amor
e lhe cultivas essa forte fé em Deus...
Tu que lhe mostras a vida, a forma, a cor,
mas que lhe ocultas os sofrimentos teus...

Tu, que fantasias histórias de criança,
onde a bondade acaba sempre conseguida...
Que lhe falas de «castelos de esperança»,
onde a dor, não dói, «permanece adormecida»...

Tu...
Quem podes ser tu???
- Só podes ser FADA!
- Só podes ser MÃE!...

domingo, 18 de abril de 2010

Abril crescente

Há sempre um Abril lendário,
um Abril imaginário,
cá dentro da nossa mente.

Um Abril que é dos poetas,
que tem portas sempre abertas,
abertas p´ra toda a gente.

Um cravo de qualquer cor,
mas que é um cravo de amor,
porque é puro, é verdadeiro...

Que não dá muito nas vistas,
foge às mãos oportunistas,
de um qualquer politiqueiro!

Há sempre um Abril presente,
porque Abril provávelmente,
“não se apaga” nunca mais...

Mas há outro Abril ausente,
esse Abril que só sente,
quem ama os seus ideais.

- Mas há um “Abril crescente”,
que é eterno e “reacende”,
na poesia, essa «nascente»,
que não se esgota jamais!...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ti Maria

A Ti Maria anda triste,
tem o negro do desgosto,
estampado no seu olhar,
tem as rugas do seu rosto
salientes de chorar!...

Tem saudades do “Cambuta”,
que é o seu homem amado,
«todos sabem como é»!...
- Porque o País está em luta,
o “Cambuta” que é soldado,
foi um dia destacado,
para as matas do Bié!

Prometeu voltar um dia,
assim que a guerra acabar,
mas a “pobre” Ti Maria,
vive sempre em agonia :
«Quem sabe se vai voltar»?...

Mas a pobre Ti Maria,
é astuta e desconfia,
que “a guerra está p’ra ficar”!
- Passa o dia “prece a prece”,
ela acorda, ela adormece,
na saudade desse amor...
- A Ti Maria envelhece
e qualquer dia enlouquece,
nessa angústia, nessa dor...

- A Ti Maria enlouquece,
“lança búzios” e parece,
seus receios confirmar...
Na sorte que se lhe tece,
nem essa se compadece,
com três filhos por criar!...

- Ti Maria não merece...
- Não sabe o que acontece,
se o “Cambuta” não voltar...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Menina Colegial

Não sei se devo lembrar-te
com um sorriso sereno,
lembrando tempos de outrora...
Não sei sequer, se pensar-te,
será defeito ou só arte,
batendo em mim nesta aurora,
Menina Colegial!...

Se foi um dia ao amar-te
que me perdi de paixão...
- Não sei se devo lembrar-te,
ou apenas recordar-te
com um sorriso de amor...
Mas seja enfim o que for,
é bom eu poder olhar-te,
sonhar e assim achar-te
na minha recordação!...

Menina Colegial...
Que doce és no coração!...
Outrora "mulher fatal",
mulher da minha ilusão,
és sorriso "angelical",
já gravado a "pedra e cal"
na minha resignação...
- Não sei se devo esquecer...
Não sei se devo lembrar-te,
«se serei capaz de tal»!...

- Não sei se devo esquecer...
Não sei se devo lembrar-te,
Menina Colegial!...

sábado, 20 de março de 2010

Os «velhos do Restelo»

Os «Velhos do Restelo»,
voltaram, são fantasmas,
lá estão à beira-mar!...

Podes vê-los ao longe,
na «posição de Monge»,
sempre a gesticular.

Não querem nem saber,
aonde o mar vai ter,
«onde te vai levar»...

Gritam p’ra te dizer,
que «partir é morrer»,
que «tu tens de parar»!...

- Mas tu tens de partir,
porque é preciso ir,
«é hora de zarpar»!

Que vês o mar a abrir,
o céu a colorir,
que é «tempo de sonhar»...

- Os «Velhos do Restelo»,
voltaram, são fantasmas,
«por lá hão-de ficar»!...

A fé

Vendo palavras e versos
e também sonhos diversos,
nestes livros que são meus.
- Vendo a dor e a loucura,
porque a vida me foi dura,
que vivi momentos breus...

Vendo a vida que me invade,
vendo o tempo e a saudade,
que tenho no coração.
- Vendo esta minha verdade,
vendo a paz, a tempestade,
“que nascem da minha mão”.

Vendo frases, pensamentos,
que deixo ao sabor dos ventos,
«desses ventos que semeias»...
- Vendo frases, vendo rimas,
vendo palavras e letras,
que correm nas minhas veias...

- Tece a vida suas teias,
lá vamos paredes-meias,
todos rumamos a norte!...
Vendo frases e ideias,
«vendo fogo e tu ateias»,
ao sabor da tua sorte!

Posso vender «marés cheias»,
entre as quais tu serpenteias,
em poemas que são meus!...
- Vendo a vida, que acontece,
mas não vendo a minha prece,
nem a fé que tenho em Deus!

Força e fé

«Vida dura, está doer»!...
Eu levava as mãos ao peito,
para o peito eu proteger.
- Sentia apertar o “laço”…
Mas uéé, o que é que faço?...
Mamãe não quero morrer!

- Queria ir á guerra e lutar,
com “lições” que ia buscar,
num passado visto a espelho!...
- E tu Mãe, p’ra me acalmar,
“fazias” « meu Pai chegar»,
p’ra me dar sábio conselho!...

- «Ouvia a porta bater»,
parece que estou a ver,
o meu Pai por ela entrar!...
- “Mais velho” no seu saber,
dele é que eu ia colher,
a coragem de enfrentar!

Na minha terra era assim:
- Velhice não era o “fim”,
mas era um “posto cimeiro”!...

- Cada velhinho era um “rei”,
um «Soba da sua grei» !...
Era “o chefe”,o conselheiro!

- Dessa cultura arreigada,
“talho ainda a minha espada”,
toda talhada em “pau preto”...

- Tem “rezas” desse feitiço,
tem um formato castiço...
Força e fé dum “amuleto”!

sábado, 13 de março de 2010

Amor feitiço

Chega mais perto
meu «Sol aberto»,
meu despontar...
Pois só quem ama,
tem essa chama,
de fascinar.

Fala baixinho,
que eu adivinho,
«frases cortadas».
- Coisas felizes,
que tu não dizes,
mas são escutadas...

Amor é isso,
este feitiço,
de te aprender.
- Quebra-de-enguiço...
Fado castiço...
«De te bem querer»!

- Esta alquimia,
esta magia,
de te pensar.
- Amor é isso,
este feitiço,
de te “ensinar”!...

- Amor percebe...
Quem dá recebe,
sempre a dobrar!!!

Mulher mas menina

Figura soturna,
bonita, cativa...
Da sombra nocturna
que teu corpo aviva!

À noite…Que sina,
que estranha loucura...
Mulher mas menina,
já ninguém te ensina,
que a vida, que é dura!...
- És linda e franzina,
és doce e cretina,
és raiva e doçura!

Teu olhar profundo,
teu jeito de andar!...
- Sou homem do mundo,
confesso no fundo,
«parei p’ra te amar»!
Parei um segundo,
parei p’ra ficar...

Mulher mas menina,
que luz cristalina,
em noite tão escura...
Mulher mas menina,
quem sabe é à esquina,
que mora a ternura?...
- Amar “à surdina”,
teu corpo traquina,
o tempo que dura...
- Tua voz fascina,
maldosa e “divina”,
suave e segura!...
- Seduz, ilumina,
apaga-te a sina,
de mulher madura!...

Na noite que é escura,
«na vida que é dura»,
ninguém “vaticina”...
- Que tu tens doçura!
És mulher madura,
“escondendo a menina”!

sábado, 6 de março de 2010

Saudade

Talvez a saudade seja,
uma lembrança de vida,
ou talvez o que sobeja,
de tanta coisa perdida...

A saudade é "garra adunca",
que nos fere e nos magoa...
Não nos larga, nunca, nunca,
quando a alma nos povoa!...

Ao lembrar o que perdemos,
é que nos “arrasa” a dor...
Essa dor que só não temos,
quando não temos amor!...

- Não fujas nunca à saudade,
mesmo assim, sendo matreira!...
- Só quem ama, na verdade,
tem saudade a vida inteira!

Meu povo já não existe

Meu povo já não existe,
está perdido, amordaçado!...
Crianças de rosto triste,
vagueiam com arma em riste,
nesse País assombrado.

Acordam...Vão a correr,
vão brincar ao "pim, pam, pum"...
- Se vão matar ou morrer,
isso é coisa a depender...
«Sonho não trazem nenhum»!

Se a juventude não sonha,
quando a fé já não persiste…
- Não há honra, nem vergonha,
nem verdade que reponha,
tantas vidas que sumiste!...

Esse Povo que era o meu,
até a História o esqueceu
da forma ingrata que viste.
- No sagrado solo teu,
caíu de pé mas morreu!...
«Meu Povo já não existe»!!!

terça-feira, 2 de março de 2010

São compo chacais

Mataram um homem,
que foi um “bandido”,
que em tempo devido,
mereceu ser “poupado”!
- Que em tempo devido,
«foi um aliado»!...
Mataram um homem...
Castigo infligido...
Se o mundo fingido,
está mais descansado,
o mundo não foi,
não foi melhorado!
- Compraram os sonhos,
venderam a guerra,
«pintaram a Terra,
de sangue encarnado».

«O seu, a seu dono»,
tiraram-lhe o “trono”,
talhado a “mão dura”...
- Que “canalha horrível”,
mas como é possível,
«uma ditadura»???
- Compraram os sonhos,
venderam a guerra,
«fizeram da Terra,
uma sepultura»!...

Mataram um homem,
tiraram-lhe a vida,
que a “pena de morte”,
que a “pena de morte”,
não foi abolida!...
Mataram um homem,
por enforcamento!...
Pois «ser fraco ou forte»,
depende da sorte,
do lado em que estamos,
a cada momento...
Depende do tempo!
Depende “do vento”!!!
- Compraram os sonhos,
venderam a guerra,
lançaram na Terra,
morte e desalento!

- Mataram um homem,
mataram “um louco”?
Pois o que tu sabes,
é pouco, bem pouco...
- Mataram “aos pares”,
mataram milhares,
são como “chacais”!...
- Mas vão matar mais,
matar mais e mais...
Só que pouco-a-pouco.

- Pois só há um Mundo
e as guerras no fundo,
são sempre infernais...
Que os homens por vezes,
que os homens às vezes,
“se tornam iguais”!...

Mulher da minha aventura

Mulher da minha aventura,
onde fui “beber” ternura,
na busca dum sentimento…
- Lá nos amamos, na cama,
nessa “fúria” de quem ama,
quem vive, cada momento…


Pois foram noites de entrega,
«que o amor nunca se nega»,
quando nos sentimos sós!...
- Lá nos amamos “à louca”,
já que a vida é “curta e pouca”,
quando enfim “damos por nós”!


Mulher da minha aventura,
esse “sol de pouca dura”,
não foi só um sonho vão!
- Foram momentos a dois,
sem lugar para “um depois”,
sem medo, sem frustração!...


Pode até parecer loucura,
mas essa “página” perdura,
«no livro do coração».
- Sei o que “levas contigo”,
se eu próprio trago comigo,
a «história dessa paixão»…


- Se o destino, no seu trilho,
roubou aos teus olhos brilho,
«matando os sonhos a eito»…
- Estou aqui! Rezo baixinho…
Peço a Deus, que com carinho,
“te tire essa dor do peito”!...


- Sei bem da tua amargura,
da má sorte, desventura,
que o teu “coração chora”…
Estou aqui! Rezo baixinho,
peço a Deus que com carinho,
«mude a tua sorte agora»!...


- Mulher da minha aventura,
«pudesse eu dar-te a ternura,
essa que me deste outrora»…
- Pudesse eu “ter o talento”,
de te dar força e alento,
“mudar-te a noite em aurora”!!!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Doce "ilhéu"

Sou "iate" sem marina,
nem sequer tenho "roteiro",
dobrei o "Cabo da Sina",
percorri o mundo inteiro.

Venci tanto sofrimento,
cruzei com Adamastor,
navegando contra o vento,
ou mesmo contra quem for...
- Que tenho sempre o alento
desse mar do teu amor!...

Navego sempre à deriva,
mas sempre em busca de mim...
- És sereia em "maré viva"
porque o mar nunca tem fim.

É pois entre mar e céu,
que me encontro a meditar,
quando encalho num "ilhéu"...
- No ilhéu do teu olhar!

(J.A.Afonso)

Tive saudades de mim

Acordei, olhei a vida,
"abracei todo o passado"...
- Tanta coisa lá retida,
tão marcante, tão sentida,
nesse mundo tão fechado.

Com a "alma comovida",
mantive o olhar cerrado...
- Nesse "beco sem saída"
de tanta emoção vivida,
recordei todo o meu fado!

Corri vales e montanhas,
bosques, rios, oceanos,
tudo o mais que lá havia...
- Revi as paixões tamanhas,
dos amores sem "artimanhas",
que vivi nos verdes anos,
nesses anos de magia.

- Revi «amigos leais»,
pesquisei, procurei mais,
fiquei lá perdido assim...
Eram sonhos tão reais,
que eu achei tarde demais:
«Tive saudades de mim»!...



(J.A.Afonso)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Benguela

Benguela das "bananeiras",
dos jardins donde as palmeiras,
nos pareciam "acenar"!...

Das já frondosas mangueiras,
das pequenas pitangueiras,
lado-a-lado, a contrastar...

Óh Benguela das roseiras,
que abriam em "passadeiras",
quando alguém ia a passar...

Das "Acácias feiticeiras",
vermelhas de "baboseiras",
na "mira de nos mimar"!...

Do «Kalunga» e da «Morena»,
da lembrança doce amena,
que o amor faz recordar!...

Benguela, minha Cidade...
- Fecho os olhos "de verdade",
sigo o «rio da saudade»,
que corre para o teu mar!!!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A tua voz

Minha Mãe, a nostalgia,
já tomou conta da vida...
O mundo que eu conhecia,
tem uma "parte vazia",
«uma saudade acrescida»!.

Se o teu coração parou,
teu cérebro desvaneceu...
Tua existência marcou,
teus filhos, onde estou eu!...
- Sendo eu aquilo que sou,
minha Mãe nunca morreu!!!

Minha Mãe,a nostalgia,
tomou já conta de nós...
Porém ao longo do dia,
há sempre um som de magia
que recorda a tua voz!

Senti que ficavas

Perdido na vida
olhei para ti,
tu adormecida,
foi só o que vi!...
- Foi só o que vi,
oh minha Mãe querida,
sem nada dizer,
foi o que senti:
- Que tudo era sonho,
«que não te perdi»!...

-Dormias um sono,
um sono profundo,
"maior do que a vida",
"maior do que o mundo"!...
- Senti-me perdido,
sem eira nem beira,
um homem sózinho,
de qualquer maneira,
perdido no espaço,
sem teto, sem fundo!...

- Senti que me olhavas
sem ver os teus olhos,
senti que me amavas
só que não falavas...
«Senti que entendias
e me consolavas»...
- Senti que "partias"...
- Senti que ficavas!!!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De olhos fechados

No teu olhar,
há “uma rua”,
que faz sentido,
que continua...

Que segue em frente,
que não tem fim,
que de repente,
vem ter a mim.

Sobre o teu rosto,
paira um “luar”,
que “gera” sonhos,
que faz sonhar.

Que “gera” sonhos,
que são coragem,
que nos dão força,
para a “viagem”...

No teu sorriso,
há uma esperança,
que nos recorda
doce lembrança,
«dobrando o riso,
duma criança»...

Numa lembrança,
que nos é querida,
dos “verdes anos”,
da nossa vida.

Da nossa vida,
que vai fugindo,
que agora a “rua”,
“já vai subindo”...

Que nós já vamos,
vamos cansados,
já nem contamos,
os passos dados!...

Que nós “paramos”,
pois conversamos,
sob o “luar”...
Sobre esta “rua”,
que continua,
no “teu olhar”!...

Que nós já vamos,
vamos cansados...
Já nos amamos,
já nos olhamos,
“de olhos fechados”!