segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Poeta

O poeta caminha,
sózinho na multidão,
no tal “vai-vem”...
De manhãzinha,
bem de manhãzinha!
- Há um lado táctico,
que lhe permite ver,
sentir, compreender,
tudo minuciosamente,
microscópicamente!...
O poeta pára!
Pára e repara,
nas coisas pequenas...
Nas aves que voam,
no cântico que entoam,
na cor da penas.
Nas penas...na cor...
Que há penas coloridas,
como vidas,
concebidas com amor!...
Que há penas tingidas,
tingidas de dor...

...O poeta caminha,
sózinho na multidão,
no tal “vai-vem”...
No início da manhã,
que o poeta mentalmente,
transforma em “amanhã”,
tão certo, tão seguro,
de que amanhã é futuro.
Não provávelmente,
mas seguramente!...
- Há um lado “lunar”,
que sem ninguém saber,
o faz viver,
«lá mais à frente»...
Frequentemente!
O poeta pára,
pára e repara,
nas “coisas sombrias”...
Nas coisas sombrias,
que quer inverter.
Depois de amanhã,
de manhã, de manhãzinha,
o poeta caminha...
As aves não voam,
não entoam,
nenhuma canção.
O poeta triste,
ouve o bater do coração...
O tempo há-de mudar,
há-de voltar a Primavera,
há-de voltar o Verão!
O poeta pára,
pára e repara,
na sua “consciência”...
- Há um lado de “sonho”,
de luta e persistência,
que a poesia é sempre,
sempre “paciência”,
sempre “irreverência”!...
Sonhando ou não,
o poeta tem na mão,
a “resistência”...
A resistência...A revolução!
- De manhãzinha,
o poeta caminha,
no tal “vai-vem”...
Ainda bem!!!
- Caminha sem parar.
Sem nunca parar...
Até ouvir de novo,
as aves cantar!

- De manhã,
de manhãzinha,
o poeta caminha.
As aves em bando,
de vez em quando,
sobrevoam a cidade!
- O poeta medita,
sorri e acredita…
Como sempre acreditou
na Liberdade!!!

sábado, 28 de novembro de 2009

Tantos anos depois

Tantos anos depois,
nós os dois,
frente a frente!...
Eu trago mais rugas,
cabelo grisalho,
como estou diferente!
Tu estás mais madura,
que a vida foi dura,
matou-te o sorriso,
assim lentamente...

Tantos anos depois,
nós os dois,
frente a frente!...
- Ninguém é culpado!
Ninguém inocente!...
Não há um «passado»,
que foi apagado,
que se faz ausente,
irónicamente...

No tempo presente...
Não há antes,
nem depois...
Porque nós os dois,
nos olhamos,
finalmente...
- Eu trago mais rugas,
cabelo grisalho,
como estou diferente!...
- Tu estás «mais madura»,
mas tens a ternura,
que te é inerente...

Tantos anos depois,
nós medimos os dois,
«mas o que é que se sente»???
- Se há calor, ou há frio,
ou se um arrepio,
«toca a alma da gente»...

- Agora que te sorrio!
Que tu sorris novamente!...

sábado, 21 de novembro de 2009

Coração

Meu coração sofre “um baque”,
nessa tristeza que vem,
sempre que está em “destaque”,
o sofrimento de alguém!...

- A minha fé “cai a pique”,
quando eu vejo na TV...
Meninos de Moçambique,
tão pobres, não sei porquê...

Em Angola o mesmo “fado”,
mancha assim aquela terra...
- Vejo “um petiz” amputado,
na tragédia duma guerra!...

Tal terror não se confina,
a nenhum dos continentes,
basta olhar a Palestina,
no sangue dos “inocentes”...

Meu coração sofre “um baque”,
nessa tristeza que vem...
- Que as crianças do Iraque,
pois são crianças também!

- As crianças de Timor,
as de Cuba,as do Irão,
as da Arábia Saudita,
as do Afeganistão...
São crianças!também são!!!

sábado, 24 de outubro de 2009

À porta do Liceu

À porta do passado,
lado a lado,
tu e eu !...
Trocamos tanta flor,
entre juras de amor,
«amor que se perdeu»,
num tempo prematuro,
à espera dum futuro,
que nunca aconteceu!...

Tu e eu ,
à porta do Liceu,
à espera dum sinal...
Que a vida não nos deu,
que ninguém percebeu,
se foi por bem ou mal!...
- Nós abraçados,
sempre enlaçados,
de “ar jovial”...
Fomos jogados
e fustigados,
num “vendaval”!!!

Tu e eu...
Almas doídas,
folhas caídas,
sob um céu breu.
Vidas quebradas,
flores arrancadas,
ao apogeu!
- Nem tu, nem eu,
nenhum de nós morreu,
por isso recordamos,
por isso é que voltamos,
à porta do Liceu!...

- Por isso nos lembramos
e lá nos “encontramos”,
como hoje sucedeu!

sábado, 17 de outubro de 2009

Deus é amor

Deus?...Deus é amor!
Então tu és Deus,
as tuas carícias,
a tua ternura,
o teu afecto…
São Deus???
Os teus dedos
e os meus, entrelaçados…
São Deus???
A tua pele suave,
os teus cabelos soltos,
os teus lábios sensíveis…
São Deus???

Deus?...Deus é amor!
Então o teu corpo,
no acto de amar…
Então os teus olhos,
“entregues”, fechados,
“na forma de dar”…
São Deus???
Então um abraço,
seguido de um beijo,
um carinho, um desejo…
São Deus???
Deus é amor!...
Então o êxtase,
então o prazer,
então um homem
e uma mulher…
São Deus?
- Eu e tu…
Juntos…
Somos Deus???

Deus?...Deus é amor!!!
E tu? E eu?...
Quem és? Quem sou?...
- Somos só uma “janela”,
uma ínfima parcela…
Da vida que Ele nos deu!
Da força com que Ele amou!!!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Teimosia

Menina da minha infância,
eu não sei se esta distância,
nos separa, ou aproxima...
Que o tempo só por “pirraça”,
finge que passa e não passa,
«rebusca, marca, sublima»!

Meu amor da adolescência,
amor puro na essência,
do melhor que o amor tem...
- Hoje que se fez futuro,
penso em ti, ainda juro,
«que em mim, tu foste alguém»!...

Ser jovem foi tão bonito,
que ainda hoje acredito,
«não haver maior virtude»...
- Sendo aquele que hoje sou,
«fui o jovem que te amou,
nos tempos de juventude»!

Meu amor da adolescência,
amor puro e prematuro,
que me marcou a consciência,
hoje que se “fez futuro”,
eu caminho mais seguro,
«certo da tua valência»!…

Segue a vida, vai em frente,
que o passado e o presente,
pois fazem parte de nós.
- Todo o rio tem nascente,
leito, caudal e corrente,
que o conduzem à foz!...

- Ser homem, tem um começo,
sendo assim eu reconheço,
que o devo a ti também.
- Passam anos... Envelheço,
mas de ti nunca me esqueço,
«que ainda te quero bem»!