domingo, 21 de fevereiro de 2010

Doce "ilhéu"

Sou "iate" sem marina,
nem sequer tenho "roteiro",
dobrei o "Cabo da Sina",
percorri o mundo inteiro.

Venci tanto sofrimento,
cruzei com Adamastor,
navegando contra o vento,
ou mesmo contra quem for...
- Que tenho sempre o alento
desse mar do teu amor!...

Navego sempre à deriva,
mas sempre em busca de mim...
- És sereia em "maré viva"
porque o mar nunca tem fim.

É pois entre mar e céu,
que me encontro a meditar,
quando encalho num "ilhéu"...
- No ilhéu do teu olhar!

(J.A.Afonso)

Tive saudades de mim

Acordei, olhei a vida,
"abracei todo o passado"...
- Tanta coisa lá retida,
tão marcante, tão sentida,
nesse mundo tão fechado.

Com a "alma comovida",
mantive o olhar cerrado...
- Nesse "beco sem saída"
de tanta emoção vivida,
recordei todo o meu fado!

Corri vales e montanhas,
bosques, rios, oceanos,
tudo o mais que lá havia...
- Revi as paixões tamanhas,
dos amores sem "artimanhas",
que vivi nos verdes anos,
nesses anos de magia.

- Revi «amigos leais»,
pesquisei, procurei mais,
fiquei lá perdido assim...
Eram sonhos tão reais,
que eu achei tarde demais:
«Tive saudades de mim»!...



(J.A.Afonso)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Benguela

Benguela das "bananeiras",
dos jardins donde as palmeiras,
nos pareciam "acenar"!...

Das já frondosas mangueiras,
das pequenas pitangueiras,
lado-a-lado, a contrastar...

Óh Benguela das roseiras,
que abriam em "passadeiras",
quando alguém ia a passar...

Das "Acácias feiticeiras",
vermelhas de "baboseiras",
na "mira de nos mimar"!...

Do «Kalunga» e da «Morena»,
da lembrança doce amena,
que o amor faz recordar!...

Benguela, minha Cidade...
- Fecho os olhos "de verdade",
sigo o «rio da saudade»,
que corre para o teu mar!!!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A tua voz

Minha Mãe, a nostalgia,
já tomou conta da vida...
O mundo que eu conhecia,
tem uma "parte vazia",
«uma saudade acrescida»!.

Se o teu coração parou,
teu cérebro desvaneceu...
Tua existência marcou,
teus filhos, onde estou eu!...
- Sendo eu aquilo que sou,
minha Mãe nunca morreu!!!

Minha Mãe,a nostalgia,
tomou já conta de nós...
Porém ao longo do dia,
há sempre um som de magia
que recorda a tua voz!

Senti que ficavas

Perdido na vida
olhei para ti,
tu adormecida,
foi só o que vi!...
- Foi só o que vi,
oh minha Mãe querida,
sem nada dizer,
foi o que senti:
- Que tudo era sonho,
«que não te perdi»!...

-Dormias um sono,
um sono profundo,
"maior do que a vida",
"maior do que o mundo"!...
- Senti-me perdido,
sem eira nem beira,
um homem sózinho,
de qualquer maneira,
perdido no espaço,
sem teto, sem fundo!...

- Senti que me olhavas
sem ver os teus olhos,
senti que me amavas
só que não falavas...
«Senti que entendias
e me consolavas»...
- Senti que "partias"...
- Senti que ficavas!!!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De olhos fechados

No teu olhar,
há “uma rua”,
que faz sentido,
que continua...

Que segue em frente,
que não tem fim,
que de repente,
vem ter a mim.

Sobre o teu rosto,
paira um “luar”,
que “gera” sonhos,
que faz sonhar.

Que “gera” sonhos,
que são coragem,
que nos dão força,
para a “viagem”...

No teu sorriso,
há uma esperança,
que nos recorda
doce lembrança,
«dobrando o riso,
duma criança»...

Numa lembrança,
que nos é querida,
dos “verdes anos”,
da nossa vida.

Da nossa vida,
que vai fugindo,
que agora a “rua”,
“já vai subindo”...

Que nós já vamos,
vamos cansados,
já nem contamos,
os passos dados!...

Que nós “paramos”,
pois conversamos,
sob o “luar”...
Sobre esta “rua”,
que continua,
no “teu olhar”!...

Que nós já vamos,
vamos cansados...
Já nos amamos,
já nos olhamos,
“de olhos fechados”!