domingo, 20 de março de 2011

Coisas

À noite, falei à lua,
fiquei a falar com ela,
na esquina da tua rua,
defronte à tua janela.

Pedi à luz do luar,
para ela te “segredar”,
te dizer que estava ali!...
- Como há “coisas divinas”,
logo por trás das cortinas,
«foi o teu rosto que vi».

Vi os teus braços “no ar”,
teus lábios a “encenar”,
um beijo, que “percebi”.
- Depois, fiquei a pensar…
No amor que tens p’ra dar…
Nos sonhos que te “aprendi”!...

Mas nestas “coisas de amar”,
há coisas que descobri:
- Quando te quiser falar…
«Quando te quiser falar,
basta-me à lua “apelar”,
que a lua chama por ti»!!!

(J.A.Afonso)

PAInel

Se o tempo é PAInel!...
Não há então distância,
do passado ao presente…
- Se te vejo em cada prisma da infância!...

Se o tempo é PAInel!...
Desse passado ao presente,
não há qualquer distância!!!
- Se me lembro de ir contigo ao «carrocel»!...

Tu estavas algures, estavas lá,
assim, conforme agora estás aqui!...
Nada mudou meu pai, só a distância!...
- Se anos tu correste, eu os corri!

A diferença, é o tempo, anos sómente,
mais um ou outro facto em relevância…
Mas é constante esse PAInel de inconstância:
Se a figura de um pai…É permanente!!!

(J.A.Afonso)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ser poeta

Ser poeta,
Não é “chorar”, carpir, sofrer…
Ser poeta é ter coragem,
de fazer uma “viagem”,
pela vida…
Levando na “bagagem”,
a voragem, a vontade de viver!
- Olhar…Sorrir…
Amar! Escrever!!!

Ser poeta...
Para o ser…
Não basta escrever poesia!
Ser poeta,
quantas vezes, quem diria…
- É ter luta e ousadia,
«Fechar os dedos da mão
e “esmurrar” a cobardia»!...

Ser poeta…É de certeza,
essa força, essa firmeza,
com que se afirma a verdade!
- Morrer por uma vitória,
que mude o “rumo da história”,
num sonho de liberdade!!!

sábado, 20 de novembro de 2010

Lá na mata

Na mata está a serpente,
lá no rio o jacaré...
Na terra vermelha e quente,
«há morros de "salalé"».

Lá na selva tem leão,
lá no rio tem piranha,
no capim um escorpião
que ataca de forma estranha...

- Lá na mata que se adensa,
na forma como se pensa,
numa nostalgia assim...
«Numa sensação intensa,
corre esta saudade imensa,
num rio que não tem fim»!...

- Lá na mata, no "sombrio",
é lá que passa este rio,
que nasce dentro de mim!

Gratidão

Tu que estiveste a meu lado,
"passaste" no meu passado,
«foste vida que vivi»...

Segui meu próprio "traçado",
mas quantas vezes o fado,
me leva a pensar em ti...

Se muito foi "destroçado",
«há muito p'ra ser lembrado,
nas "ondas" duma emoção»!...

- Quem amou e foi amado,
não pode ser apagado,
sem amor...Sem gratidão.

- Tens assim, lugar guardado,
"num qualquer canto encontrado",
«cá dentro do coração»!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desculpa ser só hoje

Não sei porquê…
Não percebi…
- Tu minha amiga,
de tantos anos,
e eu…Nunca te vi?
Nunca te olhei,
“como mulher”,
mesmo estando
junto a ti?…
Demos tantos beijos,
tantos abraços,
caminhamos juntos
de mãos dadas,
tantas vezes…
Lembras-te ???

Não sei porquê…
Não sei! Não sei!...
Não me perguntes,
não digas nada:
- Tu é que entraste,
“pela calada”…
Eu só “despertei”!
- Só hoje reparei,
«o quanto és linda,
o quanto és bela»…
O quanto precisavas
ser amada!...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»…
Mas ao sentir-te,
ao sentir os teus lábios,
entregues e carentes,
tão doces, tão quentes…
Eu tinha de beijá-los!
Ao sentir no meu peito,
os teus seios,
tão formosos, “tão cheios”…
Eu tinha de “tocá-los”!...
Ao sentir os teus dedos,
ao ouvir “os teus segredos”,
contados com um sorriso,
como quem afasta os medos,
esses medos do «conciso»…
Eu tinha de abraçar-te,
«eu tinha de contigo,
conhecer o paraíso» !...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»,
mas eu não podia,
«não queria “pensar-te”,
de outra forma»,
que o amor nos limita,
nos transforma…
Não queria amar-te
e depois magoar-te,
não queria “prender-me”,
não queria “prender-te”.
- Não queria “ganhar-te”,
nem depois “perder-te”!...

Desculpa amiga,
«ser só hoje»!...
Porque hoje sucedeu,
que tu e eu,
nos “perdemos”,
no caminho…
No carinho…
Na ternura!…
Hoje partilhamos,
da “doce loucura”…

Desculpa amiga,
«ser só hoje»,
Porque amanhã,
quero encontrar-te
e “estar contigo”.
- Não como hoje,
mas «como sempre»,
mas «como amigo»!...
Quero beijar-te a face,
dar-te a minha mão
e caminhar de novo,
contigo, de mãos dadas…
- Que a vida não é,
um de “conto de fadas”,
que os contos estão cheios,
«estão cheios de “nadas”»…

Amanhã…
Não me fales de amor,
nem de dor,
nem de ilusão.
- Sorri apenas,
«que o fazes tão bem»!
Sorri apenas,
que sorrirei também…
- Porque a «amizade pura»,
vem da mais “nobre ternura”,
que temos no coração!...
Por isso é que te peço,
por isso é que te digo...
Amiga...Amanhã não!!!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Xico Zé

Xico Zé deixou a escola,
já nem quer ouvir falar,
gosta é de tocar viola,
«Xico Zé sabe tocar»!...

- Canta à noite na "rebita",
que tão bem sabe cantar!...
Canta p'ra "dama" bonita,
toca p'ra "dama" dançar!

Calças à "boca de sino",
"lantejoulas" a brilhar!...
- Xico Zé num "desatino",
Xico Zé põe-se a "gingar"...

- Diz que já não é menino,
"tem bigode a começar":
«No "merengue" do destino,
Xico Zé a "dar-a-dar"».

De bem cedo enfrenta a vida...
Xico Zé, há-de "ganhar"!...